- Félix Rodrigues
Em pandemias, nada sobe e desce por mero acaso ou Providência Divina
Nem toda a gente entende tendências e a grande maioria não as faz. Assim, numa gestão pessoal de comportamentos em tempos de pandemia o que rege o comportamento da maioria das pessoas são os números diários. Se os números diários não correspondem à situação atual por vezes as pessoas ficam assustadas e comportam-se de acordo com esse número que indiretamente traduz um risco e se desce drasticamente no dia seguinte concluem licitamente que o risco diminuiu. Ora quando os números por questões burocráticas ou outras andam para cima e para baixo, entre possíveis decrescimentos e possíveis aumentos, isso traduz-se num “não saber o que fazer”. Os dados não sistematizados ainda têm outros impactos, fazem com que os modelos de previsão funcionem mal, e como consequência disso, a gestão do risco é caótica.
Não se pode fazer uma cirurgia de precisão com uma motosserra.
A qualidade dos dados não é só má em Portugal. Também é muito má em Espanha, no Brasil, etc.
Anteontem tivemos 623 casos, descemos ontem para os 463 casos e subimos hoje para os 802 casos. Significa isso que estamos a crescer mas somos incapazes de prever a velocidade com que crescemos ou o que fazemos bem em termos de comportamentos coletivos.
Hoje ultrapassámos a barreira dos 70 mil infetados (70465). Quem diria!!!
A letalidade parece baixa, registando-se hoje três óbitos o que totaliza 1928 óbitos. A mortalidade acrescida de ontem para hoje resulta em apenas nove óbitos em relação à média dos anos anteriores, pelo que se suspeita que os óbitos estão bem aferidos.
Prever com a melhor precisão o número de infetados também permite prever com melhor precisão o número de camas necessárias e o número de internados em cuidados intensivos. Sem previsão, a gestão faz-se na base da Providência Divina.

Félix Rodrigues